Teanira, ou melhor, Tetê (porque ninguém merece ter um nome desses, né minha gente?), é uma garota como eu, você, e até nossa mãe um dia foi. Um pouco dramática. Quem nunca passou por essa fase na adolescência? Época de muitos julgamentos, época de mudanças e de descobertas.
Tetê mostra que passou muito por isso, inclusive, a coitada
nem amigos tinha na sua antiga escola. Era motivo de chacota no colégio e possuía
vários apelidos maldosos (como Tetê do cecê) por causa da sua aparência e
descuido. Por esse e outros motivos ela teve que fazer uma sessão com um psicólogo,
pra mostrar para a sua mãe e sua família que ela não era nenhuma anormal como
todos sugeriram. Ela só gostava de ficar sozinha porque não tinha ninguém mais
para gostar dela.
“As pessoas se dividem em duas categorias: as que são convidadas para tudo e as que são convidadas para nada. Eu, obviamente, me enquadro no segundo grupo.”
Agora ela está com mais medo ainda, pois mudança nunca foi
uma palavra muito agradável para ela, e justo aquele ano ela teria que mudar de
escola e enfrentar tudo de novo.
Tetê mora com seus avós e seu bisavô em um apartamento em Copacabana e por causa disso (e pelo
fato do seu pai ter perdido o emprego e sua mãe não poder sustentar a família
sozinha) terá que enfrentar a nova escola, que agora fica perto de onde mora. Logo no primeiro dia de aula, ela já fica com
um pé atrás, mas não deixa de fazer as maluquices de sempre, falando rápido demais
e mais que o necessário, sendo muito tímida e excluída... são pontos que ela
achava serem negativos para se conseguir um amigo. Mas nesse dia ela consegue
dois... DOIS! E o melhor de tudo, consegue um novo amor. Só que ela se proibiu
de amar novamente, já que os outros romances fizeram seu coração partir em mil
pedaços.
“A gente não está na pele do outro para sentir.”
Mas ele era tão lindo, e simpático, e parecia não se
importar com o peso e a aparência dela. Melhor, parecia até gostar de falar com
ela. Mas seria possível? Um garoto lindo e popular como aquele gostar de uma
garota como ela? Mesmo estando namorando? E com uma garota escrota metida à
perfeitinha? Como ela pode gostar dele assim? E será que
ela gosta mesmo dele? Será que não era exagero de sua cabeça?
Ou será que ela poderia estar gostando de outra pessoa?
Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática,
foi um livro que me fez voltar ao tempo. Como eu disse, acho que todo mundo já
passou por isso em algum momento da sua infância. Eu me vi novamente nos meus 8
anos de idade e senti tudo o que a protagonista quis passar. Apesar de ser um
livro descontraído e para jovens, em alguns momentos me fez até chorar, com
ensinamentos que deveríamos ter aprendido antes, mas que provavelmente só vamos
aprender quando isso realmente acontecer.
“A gente costuma pôr a culpa das coisas nos outros e em geral espera que os outros mudem, que o mundo mude, mas a verdade que eu descobri que nada muda. Mas se a gente der um passo, um passinho que seja em direção a fazer algo diferente pela gente mesma e modificar quem a gente é, plim! A mágica acontece e tudo muda ao redor!"
Thalita Rebouças consegue colocar assuntos um tanto polêmicos,
como o bullying, de um jeito descontraído que nos faz tirar muitas risadas. Mas
também consegue nos ensinar sobre amor próprio, sobre como as mudanças podem
acontecer e que isso não precisa ser necessariamente de dentro pra fora. Afinal
de contas “Mudar só um pouquinho por fora
pode mexer um muitão por dentro.”
PS: Não precisa nem falar dessa capa, né? Que coisa mais linda!
Livro: Confissões de Uma Garota Excluída, Mal-Amada e (Um Pouco) Dramática
Autor: Thalita Rebouças
Editora: Arqueiro
Páginas: 272
Comprar: Saraiva
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